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Allan Kardec, em toda a sua
obra, procurou demonstrar que o Espiritismo nada tem a ver com o maravilhoso
e o sobrenatural, e não guarda relação com nenhum tipo de superstição.
Assim, a teoria da evolução no espiritismo está intimamente atrelada
à da ciência. Claro, é preciso reconhecer que, na codificação de Kardec,
está atrelada ao que se sabia de ciência
de SUA época, com
todas as suas falhas e preconceitos (e daí advém as críticas de que Kardec
era racista, e tal). Mas, como o próprio Kardec postulou:
"Caminhando
de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque,
se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto
qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se
revelar, ele a aceitará".
Assim, cabe aos espíritas a atualização
da doutrina através de um contínuo estudo.
O diferencial aqui é que, no
espiritismo, toda a explicação da evolução do universo, planetas e seres
se processa de acordo com a ciência, mas possui sua causa em uma inteligência
(ou inteligências), durante todo o processo. Creio que seja análoga a Teoria
do Design inteligente,
que é diferente da Teoria
do Criacionismo
e do Pastafarianismo.
A Formação da vida na Terra
Acredita-se que a vida na Terra
tenha surgido há cerca de 2 bilhões de anos, e, segundo a teoria que hoje
prevalece (de Oparin e Müller), o primeiro ser vivo surgiu da combinação
de elementos químicos presentes na Terra primitiva.
A fim de romper as moléculas
dos gases simples da atmosfera e reorganizar as partes em moléculas orgânicas,
era preciso energia, abundante na Terra jovem. Existia calor e vapor d'água.
Tempestades violentas eram acompanhadas de relâmpagos que forneciam energia
elétrica. O Sol bombardeava a Terra com partículas de alta energia e luz
ultravioleta. Essas condições foram simuladas em laboratório, e os cientistas
demonstraram que assim se produzem moléculas orgânicas. Entre elas, estão
alguns aminoácidos, os importantes blocos de construção das proteínas,
componentes fundamentais da matéria viva.
Em seguida, na seqüência que
conduziu à vida, esses compostos foram levados da atmosfera pelas chuvas
e começaram a se concentrar em certas áreas do oceano. Algumas moléculas
orgânicas tendem a se agarrar no oceano primitivo, esses agregados provavelmente
tomaram a forma de gotas, envolvidos por fina película protetora. Denominam-se
esses seres de coacervados. Essas estruturas, apesar de não serem
vivas, têm propriedades osmóticas e podem se unir, formando outro coacervado
mais complexo. Da evolução destes coacervados, surgem as primeiras formas
de vida. Os primeiros seres vivos, segundo se acredita, eram heterótrofos
(buscavam o alimento fora deles), habitante das águas, unicelular e com
um único sentido: o tato.
Emmanuel, através da mediunidade
de Chico Xavier, escreve no livro "A Caminho da Luz" que todo
esse processo admirável não foi obra do acaso, resultado de forças cegas,
inconseqüentes, e sim, a conseqüência de um trabalho bem elaborado dos
Espíritos superiores, responsáveis pelo destino de nosso planeta. Emmanuel
nos informa que Jesus (ele mesmo) e sua falange de engenheiros, químicos
e biólogos siderais estiveram presentes todo o tempo, acompanhando fase
a fase o despertar da vida no planeta. Não podemos também desconsiderar
a presença do princípio inteligente (que poderíamos chamar de "Deus")
que, como "campo organizador da forma", deve ter exercido um
papel preponderante no processo de gênese orgânica.
Emmanuel nos diz:
"E quando serenaram
os elementos do mundo nascente, quando a luz do Sol beijava, em silêncio,
a beleza melancólica dos continentes e dos mares primitivos, Jesus reuniu
nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se então,
descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de
forças cósmicas que envolveu o imenso laboratório em repouso. Daí
a algum tempo, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que
cobria toda a Terra. Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida
organizada."
Este relato, obviamente que
de forma romanceada, sugere elementos da Panspermia,
teoria marginalizada pela ciencia até poucos anos e que sustenta que o
"detonador" da vida na Terra foram elementos provenientes do
espaço (trazidos por cometas, meteoritos e nebulosas).
Nas questões 43,
44 e 45 de "O
Livro dos Espíritos" (de 1857), a Quimiossíntese e a Teoria dos Coacervados,
de Alexander
Oparin (de 1936),
são prenunciadas pelos Espíritos, com palavras diferentes, mas com a mesma
idéia.
A Evolução Orgânica
Não mais se discute hoje
a realidade do processo evolutivo. A evolução das espécies é um fato inquestionável.
Através de processo múltiplos e fenômenos diversos, os primeiros seres
vivos, unicelulares e simples, foram os precursores de todas as formas
complexas de vida. Mas qual o mecanismo dessa evolução? Duas teorias, agindo
conjuntamente, sem se excluírem, tentam explicar a evolução:
Darwinismo: lançado
em 1859, por Charles Darwin (No livro "A Origem das Espécies").
O Darwinismo se baseia na seleção natural, ou seja, os seres mais aptos
sobrevivem, enquanto os menos aptos desaparecem.
Mutacionismo: teoria
que teve em Hugo de Vries seu idealizador, baseia-se no conceito de mutação
(toda alteração no patrimônio genético dos seres, que se transmite às espécies
descendentes). Segundo essa teoria o aparecimento de espécies novas seria
o resultado de várias mutações ocorridas nas espécies anteriores.
Como o macaco se tornou homíneo
até hoje é uma incógnita. Nunca encontramos realmente o "elo perdido",
a espécie biológica que represente esta transição. Já chegamos bem perto,
mas ainda falta "algo". Tal vácuo dá espaço até para teorias
de seres alienígenas que ficaram responsável por esta transição, com alterações
in vitro e por meio de reprodução controlada inter-espécies (teoria esta
não de todo maluca, se formos pesquisar nas lendas dos povos antigos, como
os sumérios, índigenas e asiáticos).
Mas vejamos o pensamento de
Kardec, em seu tempo, numa ciência ainda fortemente influenciada pelo modelo
grego em que beleza = evolução, vemos no livro "A
Gênese", de
Allan Kardec, cap. 11, a "Hipótese sobre a origem do corpo humano":
Bem pode dar-se que corpos
de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos,
forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa
vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas
ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro
animal. Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria
achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar
de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele
de certos animais, sem deixar de ser homem.
Fique bem entendido que aqui unicamente se trata de uma hipótese, de modo algum posta como princípio, mas apresentada apenas para mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem com o do macaco não implica paridade entre o seu Espírito e o do macaco.
Admitida essa hipótese, pode-se dizer que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto. Melhorados os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu.
Fique bem entendido que aqui unicamente se trata de uma hipótese, de modo algum posta como princípio, mas apresentada apenas para mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem com o do macaco não implica paridade entre o seu Espírito e o do macaco.
Admitida essa hipótese, pode-se dizer que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto. Melhorados os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu.
O Espírito
macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, para seu uso, corpos
de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre reproduz
árvores dessa espécie, e o Espírito humano procriou corpos
de homem, variantes do primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se
bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco.
O tempo passou, aprendemos
coisas como ecossistema, beleza só não põe mesa, a natureza não dá saltos,
jacarés e ornitorrincos estão muito bem, obrigado, nada se perde, tudo
se transforma, etc. A questão evoluiu no espiritismo pelas mãos de Chico
Xavier e Emmanuel, que nos esclarecem que muitas das transformações
que se verificaram nos seres foram, anteriormente, promovidas em suas estruturas
perispirituais, entre uma existência e outra (ou seja, no plano espiritual!).
Os Espíritos construtores, sob a supervisão de Jesus, retocavam, em vezes
sucessivas, as formas perispiríticas, e estas alterações criariam o campo
magnético para as futuras mutações.
Conta ainda que os seres atuais
não tinham, no princípio da vida, suas formas biológicas totalmente definidas.
Experiências múltiplas, no patrimônio genético dos nossos antepassados,
coordenadas por geneticistas siderais, foram modelando aquelas formas que
deveriam persistir até os tempos atuais. A seleção natural se incumbiria
de fazer desaparecer as formas primitivas inaptas. Ou seja, uma mistura
de Mutacionismo, Design Inteligente e Darwinismo. Interessante.
Emmanuel volta a dizer:
Extraordinárias experiências
foram realizadas pelos mensageiros do invisível. As pesquisas recentes
da ciência sobre o tipo de Neanderthal, reconhecendo nele uma espécie de
homem bestializado e outras descobertas interessantes da Paleontologia,
quanto ao homem fóssil, são um atestado dos experimentos biológicos a que
procederam os prepostos de Jesus, até fixarem no primata as características
aproximadas do homem futuro. Os séculos correram o seu velário de experiências
penosas sobre a fronte dessa criatura de braços alongados e de pelos densos,
até que um dia as hostes do invisível, operaram uma definitiva transição
no corpo perispiritual pré-existente, dos homens primitivos, nas
regiões siderais e em certos intervalos de suas reencarnações. Surgem os
primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à elegância dos tempos
do porvir.
A evolução espiritual
Quanto à origem dos Espíritos,
quase nada se sabe. Allan Kardec diz: "Desconhecemos a origem
e o modo de criação dos Espíritos; apenas sabemos que eles são criados
simples e ignorantes, isto é, sem ciência e sem conhecimento, porém perfectíveis
e com igual aptidão para tudo adquirirem e tudo conhecerem. Na opinião
de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto
do princípio material, se individualiza e elabora, passando pelos diversos
graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve,
pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria, por assim dizer,
o período de incubação. Haveria assim filiação espiritual do animal para
o homem, como há filiação corporal."
Hoje não resta mais dúvida
de que os Espíritos, em sua longa trajetória, têm percorrido os diversos
reinos da natureza. O pensamento de Léon Denis, de que "a alma
dorme na pedra, sonha na planta, move-se no animal e desperta no homem",
está plenamente incorporado ao corpo doutrinário do Espiritismo.
André Luiz, no livro "Mecanismos
da Mediunidade" explica que "Temos, hoje, o Espírito por viajante
do Cosmo, respirando em diversas faixas de evolução, condicionados nas
suas percepções, à escala do progresso que já alcançou". E que tal
progresso, estampado no campo mental de cada alma, vai ser condicionado
por duas variantes: "o tempo de evolução, ou seja, aquilo que a vida
já lhe deu, e o tempo de esforço pessoal na construção do destino, ou seja,
aquilo que ele próprio já deu à vida".
No livro "No mundo Maior",
André Luiz completa o seu pensamento: "Não somos criações
milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão. Somos filhos
de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em
experiência, de milênio a milênio".
Assim, no reino
mineral, o princípio espiritual refletiria a sua presença nas manifestações
das forças de atração e coesão com que as moléculas se ajuntam em
característicos sistemas cristalográficos.
No reino vegetal, mostraria maiores aquisições pelo fenômeno de sensibilidade celular.
No reino animal, o princípio inteligente somaria novas aquisições refletidas nos instintos.
No reino hominal, todo esse cabedal de experiências estaria ampliado pelos novos lastros da concientização, a carregar consigo, raciocínio, afetividade, responsabilidade e outras tantas condições que caracterizam esta fase.
No reino vegetal, mostraria maiores aquisições pelo fenômeno de sensibilidade celular.
No reino animal, o princípio inteligente somaria novas aquisições refletidas nos instintos.
No reino hominal, todo esse cabedal de experiências estaria ampliado pelos novos lastros da concientização, a carregar consigo, raciocínio, afetividade, responsabilidade e outras tantas condições que caracterizam esta fase.
_____________________________
mineral - atração
vegetal - sensação
animal - instinto
hominal - razão
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Reino Mineral
"O cristal é quase um ser vivente", disse Gabriel Delanne. Naturalmente que não iremos pensar numa inteligência própria da matéria. Todavia, o cientista Jean Emille Charon declarou que "o comportamento das partículas interatômicas revela vida incipiente".
Reino Vegetal
e Animal
Após adquirir a capacidade
de aglutinar os diversos elementos da matéria em sua peregrinação pelos
minerais, o princípio espiritual vai iniciar outra etapa de sua longa carreira
evolutiva. Identifica-se com os vírus, logo a seguir com as bactérias rudimentares,
as algas unicelulares e, sucedendo-as, com as algas pluricelulares. O princípio
inteligente passa então a vivenciar as experiências nos vegetais mais complexos,
melhor estruturados, onde ele vai adquirir a capacidade de reagir direta
ou indiretamente a qualquer mudança exterior (irritabilidade) e depois
a faculdade de sentir, captar e registrar as alterações do meio que o cerca
(sensação) - conquistas do princípio espiritual em seu percurso pelo reino
vegetal.
Mais tarde, assinala-se o ingresso
da "energia pensante", no reino animal. O princípio inteligente
vai desdobrar-se entre os espongiários, os celenterados, os equinodermos
e crustáceos, anfíbios, répteis, os peixes e as aves, até chegar aos mamíferos.
Neste imenso percurso, o elemento espiritual estará enriquecendo a sua
estrutura energética, aprimorando o seu psiquismo rudimentar e assimilando
os valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, da auto-preservação,
enfim, dos diversos instintos, preparando-se para a sublime conquista da
razão.
Afirma-se que a conquista maior
do princípio inteligente em sua passagem pelos animais foi o instinto.
Denomina-se instinto às
formas de comportamento dos organismos que não são adquiridas durante a
vida, mas herdadas. São impulsos naturais involuntários pelo qual os
seres executam certos atos de forma mecânica, sem conhecer o fim ou o porquê
desses atos (como o gato enterrar suas fezes e urina, ou certos pássaros
fazerem seus ninhos de certa forma).
No entanto, em muitos animais,
especialmente nos animais superiores (macaco, cão, gato, cavalo, muar e
o elefante), já identifica-se uma inteligência rudimentar. Além dos atos
instintivos, observa-se, às vezes, atitudes que demandam certo grau de
perspicácia e lucidez. Seria uma forma primitiva de inteligência relacionada
apenas a coisas que importam à auto-preservação do animal.
André Luiz diz que nos animais
superiores observa-se um pensamento descontínuo e fragmentário, a partir
do qual vai desenvolver-se o pensamento contínuo do reino honimal.
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Conquistas do Princípio
Inteligente
Atração: capacidade de aglutinar
os elementos da matéria;
Sensação: faculdade de reagir aos estímulos do meio;
Instinto: atitudes espontâneas, involuntárias, reflexas, características da espécie;
Razão: consciência que o indivíduo tem de si mesmo e do meio que o cerca.
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Sensação: faculdade de reagir aos estímulos do meio;
Instinto: atitudes espontâneas, involuntárias, reflexas, características da espécie;
Razão: consciência que o indivíduo tem de si mesmo e do meio que o cerca.
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Mas a conquista da inteligência é apenas o primeiro passo que o Espírito vai dar em sua estadia no reino hominal. Ele deverá agora iniciar-se na valorosa luta para conquistar os valores superiores da alma: a responsabilidade, a sensibilidade, a sublimação das emoções, enfim, todos os condicionamentos que permitirão ao Espírito alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos.